“Criança não é mãe” – O tabu da gravidez na adolescência
Atualizado: 22 de jul. de 2022
Adolescentes grávidas muitas vezes enfrentam problemas maiores que o de se tornarem mães quando ainda são crianças e deveriam estar vivendo essa fase – desafios para enfrentar a vida escolar, se formar profissionalmente e sem falar, nos problemas domésticos, uma vez que muitas vezes a família não aceita a situação facilmente. A gravidez na adolescência é claramente uma situação de vulnerabilidade que as nossas jovens enfrentam. A gravidez em si já é um período de atenção e cuidados extras. Porém, quando ela acontece no período da adolescência os cuidados devem ser redobrados.
Ser uma nova mãe em uma fase tão inicial na vida é complexo. Mães adolescentes correm maior risco de abandonar a escola, têm maiores chances de desemprego, pobreza, problemas de saúde mental e preocupações com cuidados infantis.
Garantir que mães adolescentes recebam apoio social, emocional, médico e acadêmico adequado é essencial para o futuro dos pais e do bebê e é um dever não só da família envolvida, mas da sociedade como um todo – já que os impactos são maiores.
Como podemos ajudar? Não temos a pretensão de dar uma receita de bolo aqui, mas além dos cuidados médicos e mudanças de comportamento da adolescente envolvida, existem algumas ações que qualquer um pode fazer. O papel da família é fundamental e precisa dar apoio a adolescente. Tente entender os medos da jovem. Ela provavelmente está sobrecarregada e assustada com a gravidez. Diga palavras de afirmação. Quando as pessoas julgarem a adolescente próximo a você, tente ajudá-la a se defender. A gravidez é uma realidade e temos que ajudar a mãe e o bebê que está crescendo.
Mais importante que ajudá-la quando a gravidez é uma realidade, é orientá-la em como evitar uma gravidez indesejada nesse momento da vida. Prevenir ainda é a melhor solução. Adolescentes precisam entender seus próprios limites sexuais para não entrar em situações em que possam ter relações sexuais desprotegidas correndo o risco de engravidar. Sem falar que muita gente quando fala em adolescência e sexualidade, se preocupa somente com a questão da gravidez, mas as doenças sexualmente transmissíveis estão ai e devem ser evitadas da mesma forma.
Acreditamos que é muito importante valorizarmos nossos jovens. Os pais e as famílias precisam valorizar os filhos pois são um tesouro que Deus nos deu. Temos que valorizá-los sempre promovendo a autoestima, pois assim eles terão forças para estudar, para realizar seus sonhos e batalhar na vida. É isso que todos nós queremos e é o mais importante.
A adolescência é uma fase de profundas e rápidas mudanças, tanto biológicas, comportamentais, de aprendizado e de descobertas. É também uma oportunidade para a família e o adolescente reforçarem os laços de confiança, cumplicidade e independência. Na infância os pais protegem e organizam a rotina das crianças. Na adolescência esse exercício muda, os filhos passam a exigir mais participação nas decisões, começam a fazer suas escolhas e determinar o rumo que pretendem seguir. A escolha das companhias, das atividades em momentos de lazer, da profissão que desejam seguir começam a fazer parte do dia a dia do adolescente. Adultos devem orientar, incentivar e proteger os adolescentes, ajudando a criar relações de diálogo, respeito e confiança entre gerações.
O Relatório do Unicef sobre a situação da adolescência brasileira aponta que a gravidez na adolescência é um dos mais importantes fatores para a perpetuação da pobreza e da exclusão. Portanto, é dever da sociedade, da família e do poder público zelar e garantir que nossas meninas tenham oportunidade de crescimento, de estudo e de trabalho, criar redes de proteção e apoio a essas meninas-mães, estímulos para que continuem estudando e sejam capazes de garantir uma vida melhor para si e seus filhos.
Nós do Bumerangue do Bem buscamos apoiar com conversas e amparo as “mães ou futuras mães meninas” das comunidades que ajudamos. Educar para que as surpresas não ocorram ou para que, uma vez ocorrida, possam ter uma vida digna em família é o nosso papel.
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